O uso de videogames em sessões fisioterapêuticas, neurológicas e ortopédicas vem sendo difundido como solução para tornar a reabilitação de pacientes mais dinâmica e recreativa.

Conhecida como gameterapia, a técnica foi desenvolvida no Canadá em 2006 e, desde então, ganhou milhares de adeptos mundo afora, esse conceito utiliza videogames com sensores de movimento em sessões fisioterapêuticas, ortopédicas ou neurológicas, esse recurso logo se espalhou e vem sendo utilizado por profissionais da saúde em vários países.

A criação de consoles com sensores de movimento, a princípio desenvolvidos simplesmente como fonte de lazer e diversão, foi o pontapé inicial para o aparecimento de diversas técnicas que utilizam os jogos como coadjuvante no tratamento de diversas doenças, desde a reabilitação de pacientes com doenças degenerativas até a recuperação de depressão e doenças neurológicas. Chamado inicialmente de WiiRehabilitation, foi por volta de 2006 que pacientes com sequelas de AVC, mal de Parkinson e TRM (Trauma Raquimedular) começaram a utilizar os games para aprimorar os movimentos perdidos por conta das doenças e condições médicas. O primeiro estudo científico publicado que sem tem notícia foi em 2008, na revista americana Physical Therapy, sobre um menino com alterações motoras que após 11 sessões de treinamento com o Nintendo Wii e jogos que incluem boxe, tênis, boliche e golfe, teve melhora do equilíbrio e da mobilidade, outro estudo feito no Canadá reuniu 20 pacientes de acidente vascular cerebral e os separou em dois grupos de 10 pessoas cada, em um grupo o tratamento fisioterapêutico foi realizado apenas de modo tradicional e para o outro grupo, o tratamento tradicional foi aliado à gameterapia e os resultados foram impressionantes!! Ao final de 20 sessões de gameterapia, os dez pacientes demonstraram maior ganho de benefícios funcionais do que os outros 10 pacientes que foram atendidos apenas com os métodos tradicionais, demonstrando claramente a efetividade da realidade virtual aplicada na terapia.

Gameterapia no Brasil

No Brasil, a gameterapia já tem sido utilizada como complemento em tratamentos médicos em diversas clínicas e centros de saúde, a WiiRehabilitation já está no Brasil há alguns anos. Inicialmente foi usada em atendimentos ambulatoriais, em clínicas de reabilitação para tratamentos de indivíduos em pós-cirurgias ortopédicas, além de ajudar no condicionamento, reabilitação do equilíbrio, entre outros. O pioneiro do Brasil a utilizar a gameterapia foi o Hospital Vita, em Curitiba, a reação dos pacientes foi entusiástica conforme relato do chefe do serviço de fisioterapia do hospital, Esperidião Elias Aquim, mas ele também descobriu igualmente alguns riscos. "O esforço físico, somado à empolgação dos pacientes, pode fazer a pressão sanguínea subir perigosamente", diz Aquim. Um dos jogos mais usados nos hospitais de todo o mundo é o Wii Fit. Ele tem 48 exercícios, orientados por um treinador virtual, para a tonificação de músculos, atividades aeróbicas, ioga e treinos de equilíbrio. O jogador fica numa pequena plataforma e dirige seu personagem virtual com movimentos do corpo. O jogo é acompanhado por uma balança eletrônica chamada Wii Balance Board, que, colocada no chão, serve como base para todos os exercícios. Ela também traz sensores que reconhecem todos os movimentos realizados pelo jogador e que medem o seu peso corporal e também o centro de gravidade - que permite detectar para qual lado pende o peso.

Além disso, a Wii Balance Board exibe dados como o índice de massa corporal (IMC) e a idade real do jogador, baseada nos resultados do programa de treinamento escolhido.

O videogame não substitui as técnicas tradicionais de tratamento, mas faz com que os exercícios fiquem mais divertidos. Além do mais a utilização da Gameterapia têm uma vantagem adicional, a terapia pode continuar em casa, com assistência de um fisioterapeuta, depois de ter recebido alta do hospital. No Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, por exemplo, os pacientes mirins têm um tempo reservado para os jogos durante o tratamento. O Instituto de Reabilitação Lucy Montoro, em São Paulo começou a usar Wii na terapia de pacientes hemiplégicos, pessoas com movimentos de um lado do corpo limitado por um derrame. Os resultados têm sido animadores, sobretudo pela capacidade do game de estimular a determinação do paciente. Na fisioterapia tradicional, os hemiplégicos realizam movimentos repetitivos e monótonos com pesos e aparelhos especiais.

A Casa de David, em Guarulhos, que oferece tratamento a deficientes intelectuais e autistas, também comprovou o poder dos games (especialmente os de dança), notando melhoras não somente na coordenação motora e mobilidade, mas também na autoestima e socialização das crianças, inclusive tiveram um espaço na Brasil Game Show (BGS) , a maior conferência de jogos virtuais da América Latina, onde um estande foi montado unicamente para mostrar como o mecanismo é utilizado por essa ONG, já a Clínica de Neuroreabilitação Especializada no Método Therasuit, localizada em Limeira (interior de São Paulo) também faz uso da gameterapia com jogos que simulam atividades reais. Porém, a terapia só é iniciada após uma avaliação detalhada do paciente, para que o ambiente virtual seja adaptado de modo a permitir sua inserção nos cenários e a personalização das informações visuais, auditivas e sensoriais. Em Goiânia, são os pacientes idosos que se beneficiam da gameterapia, com sessões de uma hora, sempre acompanhadas por um profissional especializado. Os jogos diminuíram os sintomas do mal de Parkinson (tremores, endurecimento dos músculos e limitação dos movimentos) e de vertigem, fortalecem os músculos, melhoram o equilíbrio e a coordenação motora. O Centro de Reabilitação Municipal de Santo André já utiliza a gameterapia há vários anos no tratamento de pacientes com paralisia cerebral ou outros problemas que exigem fisioterapia.

Fontes Consultadas:https://blog.miotec.com.br; https://secad.artmed.com.br; blog/fisioterapia/gameterapia-fisioterapia; https://www.redelucymontoro.org.br; https://www.edgardigital.ufba.br/?p=16504.